Zisa Bela
Dia 17 de junho, às 18h30, na Livraria Cabeceira, lançamos o novo romance de Carlos Eduardo de Magalhães
É com surpresa que Paulo, um ex-delegado da Polícia Federal, recebe uma mensagem de Jorge, um homem que havia se casado com seu grande amor não correspondido de juventude. Fazia três décadas que não pensava nela. Jorge, piloto de aviões e helicópteros, que mantinha um blog de nome Comandante Jorge, diz que vem se entregar pois era culpado de muitos crimes.
No plano da conversa sincera entre esses dois homens, que amaram Isabela em fases diferentes de sua vida, descobrimos quem se tornaram. Paulo fez carreira como delegado na Polícia Federal, até ser afastado do cargo por atuar no combate ao banditismo na Amazônia. Jorge descambou para a ilegalidade em sua atuação indiferente e fria como piloto cooptado por criminosos, perdendo sua humanidade. Nos monólogos de Paulo e Jorge, mediados pelas pujantes ausências de Zisa e Bela, revelam-se não apenas seus caminhos e descaminhos, mas o Brasil contemporâneo atravessado pela devastadora covid-19.
Carlos Eduardo de Magalhães mais uma vez constrói uma trama sutil e inquietante em que o leitor é apanhado por uma tempestade de afetos contraditórios, e debaixo da qual o comum e o extraordinário tornam-se indistinguíveis. As posições assumidas pelos personagens de Zisa Bela muitas vezes são incômodas e o narrador não assume distância delas, obrigando o leitor a fazer esse trabalho.
Um dos celulares ao lado da sua caneca de café vibrou e acendeu. Ele desviou os olhos da tela do computador. Não desviou a atenção, como costumava fazer com números desconhecidos. Sou o Jorge, marido da Bela. Cauã, gostaria de falar com você, apareceu escrito em seguida. Apanhou o aparelho. Sentiu uma onda de sentimentos desiguais, uma mistura de irritação, por alguém que não conhecia chamá-lo por aquele nome do passado usado apenas no âmbito familiar, e excitação, por todo o resto que aquelas palavras representavam. Digitou Meu nome é Paulo, apagou. Digitou É engano, apagou. Digitou Que Jorge?, apagou. Digitou Que Bela?, apagou. Ditou Como conseguiu meu contato?, apagou. Digitou mais algumas palavras, apagou. Digitou outras, apagou. Escreveu apenas Ok e ficou olhando as duas letras esperando por um destino. Com o polegar, as enviou.
Para Miguel Sanches Neto, “Essa história é toda feita de sutilezas que trazem uma verdadeira arte de amar. O amor não é apenas o de natureza erótica, mas em seus múltiplos e necessários formatos. O respeito ao outro, a conexão com a natureza, a aceitação da vida que cabe a cada um, em suas banalidades tão essenciais, o exercício da profissão, o cultivo da arte etc. As vozes das narrativas se desenvolvem em via de mão dupla, um vetor indo do presente em diante, outro dindo do presente para o passado a forma de um blog. Sem trazer crispações, grandes entusiasmos ou reivindicações, elas ocorrem em um registro amorosamente contido, mesmo para descrever uma realidade em estado de delírio.”
Carlos Eduardo de Magalhães nasceu em São Paulo em 1967. De 1993 a 1998 foi sócio de um bar-livraria, o que lhe permitiu dar expediente à noite e escrever de dia. Esteve como escritor convidado nas residências de escritores The Ledig House (Estados Unidos, set/out 2005), The Sangam House (Índia, jan/fev 2010) e Chennai Mathematical Institute (Índia, jan/fev 2017). Seus romances Petrolina (2017), Super-homem, Não-homem, Carol e Os Invisíveis (2015) e Os jacarés (2001) foram selecionados como obras de literatura pelo FNDE e, juntos, venderam 120.000 exemplares, escolhidos por professores e diretores de escolas públicas de todo o Brasil. É, ainda, autor dos romances Das coisas definitivas (2023), Trova (2013) e Pitanga (2008), entre outros livros. Desde 2008 trabalha também como editor. O romance Zisa Bela é seu 13º livro publicado.
Que maravilha! Tive sorte de dar uma espiada nesse livro e tá incrível!
Tô louca pra ler!